quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Na Escadaria de Pedra

E pela janela do meu quarto eu vejo a lua
Durmo no aconchego de sua ternura
Toda a dor do dia se vai, encontro minha paz
E pela janela antiga eu observo minha amiga,
Aquela que tanto citei em minhas tentativas poéticas
Escrevo agora admirando-a, e imaginando
E, em devaneios noturnos eu me pego sonhando
Um sonho bom, caloroso, que faz bem ao meu coração
Escrevo não só para ela, escrevo para remediar as dores
Dores de uma antiga donzela, de uma amizade outrora bela
Dores de um romance desfeito, de uma traição do peito
Escrevo para sarar, para me recuperar, me alegrar.

Momentos que outrora me deixavam sereno,
Hoje se revoltaram, se tornaram um tormento
E, como passatempo, eu caminho no relento,
Procurando, buscando um sorriso meigo.

Não sei dizer o que sinto quando me encontro despedindo
De sentimentos que não foram ouvidos,
E que foram grosseiramente omitidos
Não sei o que pensar quando estou sozinho,
Sendo assombrado pelos meus medos reprimidos
E também desconheço o que é ser verdadeiramente amado
Eu gostaria de experimentar, degustar de um sentimento tão bem falado
Faço então uma tentativa escrita, um texto fraco.

Sentado em uma escadaria de várias pedras, eu penso
Estou sozinho, refletindo sentimentos
Lento, talvez seja a melhor definição para o momento
Eu penso, logo existo, em um tempo que me sinto um inquilino
Sem moradia, sem uma casinha só minha, sem nada
Reflito sim, pois o que me resta é pensar no meu fim
Estarei lamentando os arrependimentos?
Estarei sozinho? Sem uma família ou amigos?

Se eu de fato existo, logo, posso tentar pensar
Se posso pensar, por que então não posso tentar amar?
Mas amar quem? Quem me deseja ao seu lado?
Estou enlouquecendo com pensamentos insaciáveis
Eu quero amar, assim como o meu avô amou sua esposa
Eu quero acreditar, que a solidão, com a minha vontade, irá passar
Então escrevo, na escuridão das ruas do meu peito
Medo? Sempre, afinal já escrevi inspirando-me nele
Talvez a palavra que está faltando em mim é serenidade
Talvez a coloque daqui a alguns poucos meses
Escrevo junto a minha necessidade e amizade perante a caneta
Escrevo, sem dia ou hora, a minha já exposta incerteza.

Despeço-me

Às vezes indago se eu estava melhor antes de te conhecer
Digo, você me alegra, mas no geral, só me faz sofrer
Tenho pensado muito sobre isso, sobre nós
E, cheguei em uma conclusão um tanto quanto pior,
Que você não me ama verdadeiramente
Você apenas se engana, e acaba vivendo uma vida rotineira.

Nossas tentativas são temporárias
As nossas brigas, já premeditada
Não há mais felicidade em nossa jornada,
Não há mais amizade em nosso conto de fadas
Tudo o que predominou foi o rancor,
Das decepções que o tempo nos proporcionou.

Sei bem dos meus erros,
Reconheço de prontidão os meus medos
Não os escondi em nenhum momento
E, de frente para ti, escrevo todos eles
Desconheço o meu futuro, quanto mais o seu
Mas sinto que quaisquer ações apenas irão atrasar
O inevitável pode tardar mas irá chegar
E já estou esperando sua vinda, já estou sem estima
Escrevo aqui uma lágrima, talvez dê uma poesia?
Não sei dizer claramente, acho que no fundo,
Eu queria que tivéssemos um amor profundo
Mas, tudo que consigo dizer é que sinto muito
Talvez por não ter me esforçado o suficiente,
Talvez por ter desistido de você tão facilmente
Não sei por quê, mas acabou acontecendo sem ou com querer.

Talvez o destino não quis, ou desistimos sem pestanejar
Talvez era para ser assim, e me encontro agora a chorar
Mas, se eu já sabia, então por que será?
Por quê? Talvez não estava preparado para nos separar?
São tantas perguntas sem tempo para processar
Não sei dizer como você está se sentindo
Se está triste ou feliz com tudo isso
Mas, estou escrevendo esse texto, lírico ou cínico?
Não sei, eu apenas não sei definir o que estou a sentir
Que lágrimas são essas que estou deixando fluir?
Que batidas desenfreadas são essas que estou a ouvir?

Respostas, se me perguntarem o que procuro
Proposta, se indagaram o que eu desejo
Mas, não me perguntem como posso sair do escuro
Testemunho meus sentimentos se tornando medo.

Não estou sentindo algo de bom agora
Como aquela sensação de um dia ruim que vai embora,
E que traz consigo um amanhecer puro, com o aroma da vitória
Talvez amanhã eu sinta, ou talvez isso seja apenas uma mentira
Talvez eu volte a vida, ou eu sucumba a depressão já conhecida
Isso é o que eu penso, talvez, uma possibilidade
Uma porcentagem, probabilidade, de encontrar a felicidade
Mas jamais possuir a certeza da compatibilidade
Por conta disso, hoje despeço de você, talvez minha cara metade
Hoje deixarei de entrar em sua casa, por toda eternidade.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Em Memória

Eu queria você aqui comigo
Não importa o quanto eu escreva, ou sonhe
Eu sempre acordarei e me verei sozinho
Fui tolo em não pedir a mão da doce princesa
O meu sangue não ferve mais como antes
Eu estou me sentindo sufocado, enjaulado
Meu coração hoje se encontra com aquela vontade
E, eu digo, com todas as letras, que sinto saudade.

Ah se eu conseguisse voltar no tempo, ou esquecê-lo
Sinto-me tão desatento e com medo,
Que o que escrevo agora não passa de um pobre texto
Não sei por que estou com a caneta em mãos,
Se do meu lado eu tenho conversado com a solidão
Estou triste, estou só, em um mundo que não existe,
Escrevendo uma dedicatória, para um amor desconhecido,
Perdido por entre as estrelas e o infinito.

Saiba que você foi a única a me amar
Cá estou eu a provar, poetar, dedicar
Palavras, versos que estão me fazendo chorar
Chorar pelo passado, pelos beijos apaixonados,
Que me perseguem como lobos esfomeados
Que caçam a mim, uma presa, uma lebre fragilizada
Estou me sentindo assim, sem autoestima
Mas, também, como eu a teria?
Se você foi embora da minha vida?

Eu jamais poderei dizer o quanto minha saudade te idolatra
Escrevo, sim, mas sem a inspiração daquela história
Sóbria, essa é a definição da minha vida agora
Não sinto nada além da dor, da agonia, poucas memórias.

Recentemente eu não tenho estado bem,
Mas, não se preocupe, estou aqui
Vou me esforçar com essas palavras, meu bem
Estou triste, mas não significa o fim
Penso em você sempre que acordo, penso sim
Mas, às vezes me deparo com um vazio
Que persisti em dizer que jamais serei feliz,
Que morrerei sozinho, em pura agonia, sem ti.

Meu bem, sei que vivo escutando mentiras
Mas, se vivo assim, como conhecerei a verdade?
Escrevo enquanto sofro devaneios, admirando minha querida
Não sei mais onde foi parar a minha cara metade.

Jamais me esquecerei dos nossos momentos
Serão eternos, assim como o próprio tempo
Você sempre residirá em meu peito,
E, dito isso, não morrerei no relento da minha morada
Continuarei escrevendo sempre que me sentir só, prometo
Aguardando inquietamente o dia que você lerá os meus textos
Minhas palavras ecoarão no vento até os seus ouvidos
Só quero isso, que saiba que você fora importante para mim
E, se eu morrer antes disso, que seja assim
Meus versos serão eternos, e passarão pelas mãos dos netos
Aqui termino mais uma folha, de um sentimento honesto,
Singelo, que a tristeza dentro de mim tanto despreza
Assim vou tentando recriar aqueles dias, nesta peça
E que eu possa, para sempre, me lembrar de suas mechas.