sábado, 3 de junho de 2017

Pequena Cela

E nas paredes da pequena cela,
Onde a única paisagem que possuo é pela janela,
Estão marcados os pecados que cometi no passado
E como uma alma despedaçada,
Nesta cela eu sou julgado.

É nesta pequena cela que me lembro, todo dia, de meus erros
Feito um passarinho, preso entre espinhos de medo
Minha vida se evapora toda vez que o sol vai embora,
E a paisagem através da pequena janela é sempre a mesma
Não sei mais quanto tempo faz desde que vi um rosto de criança
Notei que estava ficando louco quando me esforcei para relembrar,
Mas me esqueci da minha infância
E a minha esperança é que a fome me enfraqueça,
Que eu morra antes que a monotonia me enlouqueça
Nesta pequena cela, onde vejo o mesmo concreto, me torno cego.

Os meus pensamentos ganharam vida própria
Eles me dizem para me enforcar, ou me corta
Não há um arco-íris para me levar para longe,
Até um pote de outro, cheio de deliciosos bolos de chocolate.

O guarda que escuto se aproximar, um dia foi pequeno
Eu me lembro dele, não há como me esquecer dele me observando,
Por entre as barras, o meu sofrimento
Hoje ele já é adulto, mas eu não sei mais quem sou
Ele se aproxima, digam-me, pensamentos, para onde vou?

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